Em sequência à divulgação da série de informes extensionistas na temática da evolução dos salários industriais nas diferentes regiões geográficas do país, realizando um comparativo entre o período imediatamente anterior a pandemia com o período pandêmico, divulgamos os resultados e análises da região nordeste.
Conclusões quanto a formação dos salários das divisões industriais nos estados da região nordeste antes e durante a pandemia da Covid-19:
-2019 a 2020
- Nos estados do Pará, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Bahia e Sergipe, houveram quedas dos salários totais de suas indústrias no período considerado pré-pandemia (2019) e no primeiro ano da pandemia (2020). Piauí foi o estado que obteve o maior regresso percentual, alcançando -8,83% de perda salarial em suas industrias, puxado principalmente pelas reduções salariais na fabricação de máquinas e equipamentos (-63,62%), na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-63,06%) e na confecção de artigos de vestuário e acessórios (-53,54%).
- Os estados de Alagoas, Pernambuco e Maranhão obtiveram elevações salariais nos seus segmentos industriais, todavia todos em baixos percentuais. O mais significativo foi o estado de Alagoas, ampliando em 4,39% seus salários industriais, com destaque aos aumentos dos salários nas suas fábricas de produtos de madeira (+20,50%) e de produtos de borracha e material plástico (+14,59%).
- Em todos estados (exceção de Pernambuco) houveram elevações dos seus VTIs no primeiro ano da pandemia em comparação a 2019. Destaque para o Piauí, com elevação de 37,64% de seu VTI, puxado principalmente pela expansão do VTI de produtos alimentícios (+77,30%), produtos de minerais não-metálicos (+39,78%) e produtos de metal (+39,89%). Em Pernambuco, dentre as diversas retrações, o destaque de sua baixa foi o segmento de produção de equipamentos de transporte (-75,74%) e produtos de madeira (-45,27%).
- Observando, em um segundo momento, os valores dos coeficientes betas dos VTIs das equações preditivas dos salários por regressões simples, constatou-se apenas reduções àqueles dos estados do Maranhão e do Pará, reduzindo sua força nos aumentos dos salários totais observados no período - ao passo que nos demais estados as elevações dos coeficientes desta variável potencializaram maior elevação salarial. A influência da queda do VTI de Pernambuco não pôde ser analisada em virtude da falta de normalidade de sua equação preditiva.
- No período, o número de pessoal ocupado nas divisões industriais obteve aumento nos estados do Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Bahia, Maranhão e Sergipe. O maior destaque em crescimento percentual foi o Rio Grande do Norte (+7,36%), puxado fortemente pelo aumento de pessoal ocupado na fabricação de produtos de metal (+89,90%) - mas que não foi suficiente para que os salários totais pagos tivessem leve baixa no estado.
- As demissões superaram as contratações, por sua vez, nos estados de Pernambuco e Piauí. Neste último, a retração em 6,7% no total de pessoal ocupado teve como destaque a também redução da variável na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-68,55%) e confecção de artigos de vestuário e acessórios (-44,39%). Em Pernambuco, todavia, a redução foi muito leve (-0,03%), podendo ser considerada uma estabilidade para o período.
- Sob a ótica dos coeficientes betas da variável pessoal ocupado das equações preditivas dos salários por regressões simples, os estados que obtiveram elevações foram: Pará, Piauí e Maranhão. Todavia, o Pará aumentou o número de pessoal ocupado, permitindo que as reduções salariais observadas no período não fossem ainda mais expressivas em decorrência de sua elevação do seu coeficiente beta. No Piauí, a situação foi contrária. A redução do número de pessoal ocupado agregado a um maior beta desta variável, potencializou a redução salarial de suas industrias constatada no período. A variação percentual do beta do Maranhão foi ínfima, não trazendo maiores impactos comparativos para o período.
- Os demais estados que incorreram em redução dos betas da variável pessoal ocupado em 2020 (Rio Grande do Norte, Alagoas e Ceará), obtiveram aumentos de pessoal ocupado, ocasionando portanto uma elevação menor nos salários totais pagos aos seus trabalhadores.
- Outras divisões industriais de cada estado do nordeste que também se destacaram em termos de ganhos ou perdas em cada uma das três variáveis (salários em mil reais, VTI em mil reais e pessoal ocupado) podem ser vistas diretamente nas tabelas dos resultados, com suas variações percentuais grifada por escalas de cores: vermelho para as maiores perdas; verde para os maiores ganhos; e, passando por cores intermediárias representando variações dentre os dois extremos.
-2020 a 2021
- Em todos estados foram constatadas elevações dos salários industriais pagos aos seus trabalhadores no ano de 2021 em comparação a 2020. As maiores altas percentuais foram no Piauí (+24,68%), em Alagoas (+24,14%) e no Ceará (+18,26%). Em larga vantagem de crescimento salarial no Piauí em relação as demais divisões industriais foi a de fabricação de máquinas e equipamentos (+171,37%). No estado de Alagoas os destaques foram para as altas na confecção de artigos de vestuário e acessórios (+111,07%) e fabricação de móveis (+98,05%); enquanto que no Ceará houveram vários aumentos rateados entre vários segmentos, com maior preponderância à fabricação de máquinas e equipamentos (+75,39%).
- No geral, houveram significativos aumentos nos valores totais dos VTIs dos estados do nordeste em 2021. Destaque para as elevações de Ceará (+38,92%), Pernambuco (+29,94%) e Bahia (+29,52%). O grande destaque do Ceará foi o aumento do VTI da Metalurgia (+169,01%) e fabricação de máquinas e equipamentos (+91,28%). Em Pernambuco, constatou-se um extraordinário crescimento da fabricação de outros equipamentos de transporte (+257,54%), fabricação de produtos de madeira (+126,26%) e fabricação de máquinas e equipamentos (+92,64%).
- Os coeficientes betas das variáveis VTIs obtiveram elevações nas equações preditivas salariais por regressões simples dos estados do Pará e Alagoas. Todavia, estas altas foram extremamente reduzidas, trazendo pouca efetividade no impacto sobre os salários totais em relação ao ano de 2020.
- Considerando as reduções nos betas dos VTIs, foram observadas nos coeficientes dos estados do Rio Grande do Norte e Maranhão. Desta forma, nestes dois últimos, as elevações no período analisado de seus VTIs ocasionaram menor impacto no agregado dos aumentos dos salários industriais em seus estados. Maior destaque merece o Rio Grande do Norte, passando de um b=0,07832 em 2020 para um b=0,0457 em 2021.
- O número de pessoal ocupado nas indústrias cresceu dentre 2020 e 2021 em todos estados do nordeste, exceto em Sergipe, perdendo 1.332 ocupações no período. A maior variação percentual da variável foi para Alagoas, expandindo 10,4% o número de seu pessoal ocupado, com destaque a ampliação de ocupações gerada pela produção de produtos diversos (+29,9%).
- Na análise dos coeficientes do número de pessoal ocupado nas equações preditivas salariais, houve elevação nos betas dos estados Pará, Rio Grande do Norte e Maranhão. Quanto as reduções, restringiram-se ao estado de Alagoas (desta forma, gerando menor poder agregado nas suas elevações do número de pessoal ocupado sobre os salários totais pagos em 2021). Os demais estados não puderam ser analisados em decorrência da ausência de normalidade dos resíduos de suas equações preditivas em um dos dois anos ou em ambos.
- Outras divisões industriais de cada estado do nordeste que também se destacaram em termos de ganhos ou perdas em cada uma das três variáveis (salários em mil reais, VTI em mil reais e pessoal ocupado) podem ser vistas diretamente nas tabelas dos resultados, com suas variações percentuais grifada por escalas de cores: vermelho para as maiores perdas; verde para os maiores ganhos; e, passando por cores intermediárias representando variações dentre os dois extremos.
Referências: Seade(a), Seade(b), Seade(c)
Como citar este informe extensionista? (Padrão ABNT)
HENRIQUE, Daniel Christian; RIBEIRO, Arthur Fermiano Gallate, GODOY-ILHA, Sabrina Knoll; SAVI, João Vitor; DITTRICH, Fabio Augusto. Evolução dos salários nas indústrias antes e durante a pandemia da Covid-19: uma análise nos estados do nordeste dos impactos do número de pessoal ocupado e do Valor da Transformação Industrial (VTI). 2024. Desenvolvido por GPFA - Grupo de Pesquisa em Finanças Analíticas. Disponível em: https://www.gpfa.com.br/informes-extensionistas/resultados-regiao-nordeste. Acesso em: (colocar a data de seu acesso ao informe).