Por Daniel Christian Henrique
Já vínhamos noticiando regularmente em nossos boletins o drama dos carros zero, cada vez mais "impopulares" devido seus preços exorbitantes. O governo federal resolveu tomar alguma medida: em maio foram divulgados cortes de IPI e PIS/COFINS com o objetivo de reduzir entre 1,5% até 10,96% o preço de carros - sendo os percentuais maiores para os carros mais "baratos", assim como para carros menos poluentes e de maior número de componentes (Exame). Todavia, segundo previsões, apenas dois modelos chegariam a valores próximos a R$ 60.000, com outros quatro entre R$ 60.000 e R$ 65.000 (Infomoney). Mas logo na largada do mês deste mês de junho, mudou-se novamente a proposta e piorou: o desconto máximo será de R$8.000,00, porém agora incluindo caminhões e ônibus (ah, aí sim....). Beneficiou a classe média, sem dúvida. Porém, se tomarmos um comparativo com a baixa renda média do brasileiro, carro realmente popular para todos vai demorar um pouco ainda...
Reajuste da Petrobrás reduzindo custos às refinarias e distribuidoras já era rotina ser noticiado por aqui em nossos boletins. E o consumidor final? sempre ficava só na expectativa de algum alívio no bolso. Em maio uma nova redução foi realizada pela empresa em 12,6% nos preços da gasolina, em 12,8% no diesel, e em 21,3%, no gás. Enfim, a redução chegou no consumidor, mas de leve: gasolina recuou 0,5% em meados do mês, chegando a R$ 5,49, assim como o do diesel caiu 0,97%, para R$ 5,57 (Infomoney (b), Inteligência Financeira (a))
Mas sem muito alarde. Logo no primeiro dia de junho houve a reoneração do ICMS aos combustíveis e em julho haverá a volta do PIS/COFINS, com consequentes novas altas nos postos (UOL). Final de maio já tinha gente correndo abastecer.
A inflação refletiu a queda dos combustíveis. O IPCA-15 (prévia da inflação oficial) foi divulgado em 0,51%, abaixo das expectativas que alcançavam projeções de 0,64%. Os destaques dos componentes do índice que tiveram baixa foram os combustíveis (exceto etanol), frente as reduções de preços que chegou às bombas, e passagens aéreas (O Tempo).
E pelo segundo mês consecutivo o IGP-M registra deflação no ano, contabilizando em maio uma baixa de -1,84%, gerando um acumulado no ano de -2,58% e de -4,47% em 12 meses. O índice foi puxado pela maior retração mensal da série histórica do IPA (Índice de Preço ao Produtor Amplo), que contabilizou -2,72%, frente às baixas de cinco commodities de peso, com destaque ao minério de ferro e soja (FGV, Inteligência Financeira (b))
Mesmo com a inflação dando uma trégua no mês, o arcabouço fiscal ainda tem que ser votado e aprovado para depois se ter um melhor norte de como ficará a dívida pública futura. Somado a isto: os cenários externos continuam pra lá de adversos, com constantes pressões inflacionárias mundiais. Portanto, enquanto a ordem dos fatores não está alterando o placar, segue o fluxo: Selic a 13,75% confirmada na reunião do COMPOM de maio (BCB). A chiadeira do governo federal ficou garantida.
E na terra do Tio Sam, a inflação continua pressionando. E o FED, não dando trégua: segue em maio mais um aperto com aumento de seu juro em 0,25 p.p. - a décima seguida, deixando sua taxa referencial entre 5% e 5,25% ao ano (Seu Dinheiro). Este é o maior percentual registrado em 16 anos.
E com aumento de cá e aumento de lá nas taxas de juros norte-americana, continua também a quebra de lá e quebra de cá no seu setor bancário, nada acostumado a esse rigor monetário. A bola da vez na crise bancária norte-americana foi o First Republic Bank, decretando falência já em fins de maio e começo de junho, pouco tempo depois do anúncio do novo ciclo de alta definido pela FOMC (Comitê Federal de Mercados Abertos) (Seu Dinheiro). Outros bancos regionais e de menor porte estariam na fila? Jerome Powell já disse que o FED manterá a linha de aperto nos juros se a inflação persistir. Wall Street operou em baixa logo em seguida a sua fala (Exame Invest). Parecendo copy e cola do Brasil.
É... definitivamente o Brasil e Estados Unidos deveriam trocar mais figurinhas. Os americanos atingiram o limite da sua dívida pública em janeiro. Desde então, o Tesouro tem se desdobrado para cumprir suas obrigações de pagamentos, mas já quase no esgotamento. Em maio, Republicanos e Democratas se engalfinharam em discussões de cortes ou não de gastos públicos para um possível aumento do limite da sua dívida (Forbes). EUA oficialmente passou a correr risco de não conseguir pagar sua dívida, chamando a atenção do mercado... mas essa situação já ocorreu algumas vezes no passado e politicamente se resolveu (Inteligência Financeira c). Discussões acaloradas de aumento ou não da limite da dívida pública atrelada a gastos públicos... Já viram isso por aqui no Brasil?!
E o Pix chegou, estacionou e tomou a vaga. Desde seu lançamento só vem crescendo o número de transações, superando em muito as expectativas de crescimento de seu uso pelo próprio Banco Central. Dados divulgados neste primeiro dia de maio pelo BC, afirmam que o Pix alcançou 29% das transações realizadas em 2022, vindo a ser pela primeira vez o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros. Superou os pagamentos com cartões de crédito (com 20% das transações), cartões de débito (19%), boletos (8,9%) e cheques (1%) (UOL Economia).
O setor de serviços não contem seu ânimo e continua líder na geração de empregos. Divulgações do último dia de maio apontam que em abril o Brasil criou 180.000 vagas de empregos (valor líquido: admissões totais menos demissões totais), gerando uma acumulado no ano até o período de 705.790 vagas. Deste total, o setor de serviços despontou com 103.894 vagas, seguido pelos demais agrupamentos, porém com valores bem menos expressivos: construção civil com 26.937 postos abertos, 27.559 no comércio, 19.713 na indústria e agricultura com apenas 2.902 (Money Times).
E maio finalizou o Ibov com alta de 3,74%, amenizando as perdas acumuladas do ano. Os maiores destaques de alta foram: Yduqs (73,28%), Azul (55,16%), Dexco (50,25%), Locaweb (47,02%) e Hapvida (44,57%) (E-Investidor (a)). Quanto às baixas, os destaques foram: Cielo (-13,52%), Assaí (-12,53%), Carrefour (-11,51%), Vale (-11,86%) e Bradespar (-10,17%) (E-Investidor (b)).
Durante o mês junho atualizaremos com novas notícias que são gradativamente divulgadas nos noticiários financeiros, institutos de pesquisa ou pelo mercado referentes ao corrente mês ou aos meses anteriores.
Referências: BCB, E-Investidor (a), E-Investidor (b), Exame, Exame Invest, Infomoney (a), FGV, Infomoney (b), Inteligência Financeira (a), Inteligência Financeira (b), Inteligência Financeira (c), Forbes, Money Times, O Tempo, Seu Dinheiro, UOL, UOL Economia