01 Mar
01Mar

Por Daniel Christian Henrique

Protestos de agricultores na Europa se alastram

Cenas de tratores interditando rodovias em diversos países da Europa se tornaram rotina nos noticiários durante janeiro e fevereiro. Os países alvos são Itália, Espanha, Romênia, Polônia, Grécia, Alemanha, Portugal e Países Baixos, por enquanto. As principais razões são (com outros pontos adicionais a cada país): 1 - aumento dos custos de produção (energia, fertilizantes e transportes) após início da guerra entre Rússia e Ucrânia; 2 - pressão dos governos por redução dos preços dos alimentos frente a inflação; 3 - insatisfação com importações estrangeiras baratas, principalmente da Ucrânia que obteve eliminação de suas cotas pela UE após invasão Russa em seu território - mas o medo de competir diretamente com o agro gigante do Brasil sempre está em pauta também, eliminando potenciais acordo do Mercosul com a União Europeia;; 4 - mudanças climáticas que aumentaram incêndios e secas, atingindo diretamente as colheitas; 5 - as normas ambientais da União Europeia (Canal Rural, CNN Brasil (a)). 

Selic mantém progresso de queda

Na "super-quarta" (quando Bacen e Fed divulgam no mesmo dia as taxas básicas de juros das economias de seus respectivos países) de 31 de janeiro, o Copom (do Bacen) deu sequência às baixas da Taxa Selic, regredindo em mais 0,5 p.p., finalizando em 11,25% a.a. Na ata sinalizam novas baixas futuras. O Fomc (do Fed), por sua vez, também deu sequência ao que já vinha decidindo nas últimas reuniões: a taxa permanecerá a mesma, oscilando dentro da banda de 5,25% a 5,50% (InfoMoney (a), Infomoney (b), Band (a)).

IPCA e IPCA-15

O IPCA finalizou janeiro com alta de 0,42%, puxado pelas elevações dos preços do segmento de Alimentos e bebidas. Cabe um forte destaque ao preço da batata que angariou alta de 26% em decorrência às fortes chuvas, baixando a produção e elevando os preços nos bolsos dos consumidores. O segmento de transportes que vinha de seguidas altas (frente os altos preços das passagens aéreas, principalmente), por sua vez, registro baixa no mês (IBGE, Inteligência Financeira, Band (b)). 

Já em fevereiro, enquanto não sai o percentual oficial, vamos de prévia: o IPCA-15. Na projeção a inflação sobe ligeiramente mais, estimada em 0,78% (IBGE, Inteligência Financeira). Os destaques para a maior alta são os segmentos de Educação, Alimentos e Bebidas e Saúde e cuidados pessoais (Agência IBGE Notícias).

Cesta básica sobe em quase todas capitais

E esse aumento dos preços dos alimentos, claro, refletiu nos preços das cestas básicas. Janeiro foi quase unanimidade: a cesta aumentou em 16 dentre as 17 capitais, com destaque a Belo Horizonte (10,43%), Rio de Janeiro (7,20%), Brasília (6,27%) e Goiânia (6,18%). Fevereiro obteve a elevação de preços nas cestas em 14 capitais, com destaque a Rio de Janeiro (5,18%), em São Paulo (1,89%) e Salvador (1,86%) (DIEESE(a), DIEESE(b)).

Americanas: homologada recuperação judicial

Foi divulgado o balanço dos primeiros nove meses de 2023 das Americanas apenas neste 26 de fevereiro e apresentado à CVM: o prejuízo líquido foi de R$ 4,6 bilhões. No mesmo dia foi homologado o plano de recuperação judicial. Nestes planos o objetivo é voltar a ficar com lucro apenas em 2025 (UOL Economia).

Gol pede recuperação judicial, mas nos EUA

Ainda na temática das finanças no vermelho, em janeiro o mercado foi surpreendido pelo pedido de recuperação judicial da empresa de aviação Gol, porém feito nos EUA utilizando o recurso do Chapter 11, com o objetivo de reorganizar suas finanças. Na sequência as ações já levaram um belo capote (chegando a 35%), pois precisaram ser excluídas dos índices da B3, conforme regras da própria bolsa. Cabe lembrar que outras grandes empresas aéreas já fizeram o mesmo e estão até hoje operando e com saúde financeira: Latam e Avianca Colombiana (Exame Invest, Forbes, Money Times (a)).

Boing: novo incidente e queda das ações

E tem empresa aérea americana "derrapando" por aí também: a Boing. Depois da perda de uma porta em pleno voo em uma de suas linhas mais atuais, no começo de janeiro, houve forte baixa das ações da empresa e ainda não se recuperaram. Em fins de fevereiro, o chefe do segmento não aguenta mais a pressão e entrega o cargo. Isso tudo aconteceu praticamente depois de divulgar seus resultados de 2023 anunciando recorde de novos pedidos, receita de US$ 78 bilhões e prejuízo líquido de US$ 2 bilhões - mas bem menor que os US$ 5 bilhões de 2022 (Investing.com (a), Investing.com (b), Mercado & Eventos). O setor aéreo não perdoa... Incidentes ou acidentes com aeronaves de grande porte podem por em cheque por um bom tempo suas empresas.

Juros altos e quedas nos investimentos em startups

É... as ainda altas taxas de juros ao redor do mundo estão conseguindo cooptar até o pessoal do alto risco. Conforme monitoramentos do mercado de venture capital feita pela Distrito divulgados em janeiro, em 2023 houve uma baixa de 56,8% nos investimentos em startups em comparação a 2022. América Latina segue o mesmo bonde: obteve uma redução de 46,8% no número de rodadas comparando os dois anos, o menor número desde 2017 (E-Investidor (a)).

Ibov: também tombou

O mar não foi pra peixe em janeiro só para as startups, não, O Ibov que vinha desde novembro e dezembro contabilizando suas maiores altas, inclusive batendo seu recorde de pontuação, reverteu tudo em janeiro. O mês fechou com uma baixa de 4,79%, a queda mais expressiva para o mês desde 2016. A primeira explicação mais óbvia é a realização de lucros do pessoal que "baixou" na Bovespa nos meses anteriores, em especial os estrangeiros. Somado a alta no mês que os Títulos do Tesouro americano tiveram, foi hora de dizer "tchau" para os gringos. Momentaneamente, claro. Outro fator de peso, foi o anuncio do déficit primário de R$ 230 bilhões em 2023 - segundo mais alto da sua série histórica (E-Investidor (b)).

Chegando fevereiro, muitos acionistas locais aproveitaram a baixa da B3 para comprar enquanto os estrangeiros seguiam saindo da bolsa. Assim, o Ibov chegou a retomar os 131.000 pontos durante o mês, mas fechou em 129.020 pontos (Money Times (b)).

Depois do "Toma Lá, Dá Cá", como ficou a desoneração da folha?

Após inúmeros embates entre o poder legislativo e o executivo no final do ano passado, ambos os lados parecem ceder, inicialmente. Como assim? O governo aceitou discutir o assunto via Projeto de Lei, encaminhado em regime de urgência e que não tem efeito imediato, ao contrário da Medida Provisória (lançada anteriormente no último dia útil do ano e já anulada). O legislativo, por sua vez, aceitou voltar a discutir o assunto, mesmo após um ano já tramitado e finalizado, em 2023 (TV Senado, Jornal da Recorde, Agência Brasil).

Reajustes dos planos de saúde explodem

Enquanto até o termo "pós-pandemia" já começa a desaparecer, o segmento dos planos de saúde continuam fortemente engessados nele, pois ainda sofrem severamente com o aumento das sinistralidades de seus clientes depois do período pandêmico, quando começaram a botar em dia seus exames (e não pararam mais). Resultado: os reajustes dos planos explodiram ainda mais a partir de setembro de 2022, conforme divulgação neste mês de janeiro pela Agência Nacional de Saúde (Brazil Journal). O GPFA já realizou um estudo extensionista sobre o tema, CLIQUE AQUI PARA LER.

G20 financeiro acaba sem comunicado

E o encontro do G20 financeiro realizado em São Paulo neste final de fevereiro, acabou sem um comunicado final. O principal motivo não é difícil de deduzir: a falta de consenso entre os países que compõem o grupo sobre as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza (CNN Brasil (b)).

Referências: Agência IBGE Notícias, Agência Brasil, Band (a), Band (b), Brazil Journal, Canal Rural, CNN Brasil (a), CNN Brasil (b), DIEESE(a), DIEESE (b), Exame Invest, E-Investidor (a), E-Investidor (b), Forbes, IBGE, Infomoney (a), Infomoney (b), Inteligência Financeira, Investing.com (a), Investing.com (b), Jornal da Record, Mercado & Eventos, Money Times(a), Money Times (b), TV Senado, UOL Economia.

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