Selic no topo
Mantendo o ritmo de retomada do novo ciclo de alta da Selic iniciado na reunião anterior, em outubro o COPOM aumentou ainda mais fortemente a taxa básica, em 0,5 p.p., chegando agora aos 11,25% a.a. e com previsões nada otimistas de estancar neste valor. A cautela foi a principal justificativa, decorrida as incertezas da conjuntura norte-americana e dos bancos centrais mundiais continuarem convergindo às suas taxas de inflação pressionados principalmente pelos mercados de trabalho (BCB).
BCE e FED no sentido contrário
Enquanto isto, no continente europeu, o BCE (Banco Central Europeu) segue em sentido contrário diminuindo as taxas de juros em 0,25 p.p., saindo de 3,5% para 3,25%, na tentativa de retirar o bloco de um crescimento no campo negativo, segundo ata divulgada pela instituição (Money Times).
O FED (Federal Reserve) foi no mesmo caminho e deu manutenção ao ciclo de baixa iniciado na reunião anterior, conforme era esperado, mas agora reduzindo em apenas 0,25 p.p. sua taxa básica de juros (o Fed Funds), finalizando na banda entre 4,5% a 4,75% a.a. A menor redução foi justificada pela confiança no atingimento da meta de inflação de 2% a.a., assim como a desaceleração do mercado de trabalho (Suno). O GPFA já realizou um estudo sobre a flutuação do Fed Funds e seu relacionamento com os salários norte-americanos, CLIQUE AQUI para ler mais.
Indústria brasileira saltou no ranking
Segundo informações divulgadas em outubro pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) no ranking de desempenho das indústrias que engloba 116 países, a indústria de transformação brasileira saltou da posição 70 para a 40 (InfoMoney). O avanço foi nosso, ou foi retrocesso de muitos países ou foi ambas situações?!
Isenção de IR para salários até R$5.000,00
Saiu a aguardada medida do governo de isenção de I.R. para trabalhadores que ganham até R$ 5.000,00. Para não onerar o já combalido cofre público, o governo contrabalanceou aumentando para aqueles que ganham acima de R$ 50.000,00, partindo de 10% de contribuição (Estado de Minas). Mas calma aí. O começo da isenção irá vigorar somente a partir de 2026. Por outro lado, o mercado ficou extremamente receoso ao relatar a falta de clareza desse processo de compensação (InfoMoney(d)). Sobrou para aumento do dólar e queda do Ibov.
Dólar na estratosfera
Em outubro o dólar manteve ritmo de disparada, fechando o mês em R$ 5,78, equivalente a uma alta de 6,10%. Elevação expressiva como essa não ocorria de março de 2021 (UOL Economia, InfoMoney(b)). E nos dias finais de novembro, o recorde foi alcançado e quebrado seguidamente. Chegou ao expressivo valor de R$ 6,05, o maior já observado desde a criação do Real. As principais motivações atreladas a essa forte alta foram: 1 - o anuncio do governo da isenção de IR; 2 – a divulgação do pacote fiscal pelo governo, não sendo bem aceito também pelo mercado seu conteúdo por não ser tão robusto quanto o esperado. Galípolo, presidente do Banco Central, já se antecipou e disse que precisará reagir aos dados para enfrentar a inflação. Entenda-se: vem aí mais alta de juros. Ponto final.
Muitos analistas enxergaram que parte dessa alta do dólar foi devido ao ruído totalmente desnecessário advinda da mistura da divulgação pelo governo dos cortes de gastos com a isenção de IR no mesmo comunicado. Poder-se-ia ter divulgado os cortes de gastos para melhor absorção e compreensão do mercado, com possíveis melhoras em seus indicadores, para em um segundo momento divulgarem a isenção de IR (B3, Money Times(b), BM&C News(b), InfoMoney(c)). A intenção de agradar simultaneamente a gregos e troianos nem sempre é a melhor estratégia.
Desemprego segue em baixa
Estresses ou não no mercado com a política fiscal, a taxa de desemprego divulgado pela PNAD Contínua continua em ritmo de baixa, chegando na menor taxa da série histórica iniciada em 2012, estacionando em 6,2% no trimestre móvel encerrado em outubro (ADVFN).
Ibov também continua na baixa
O Ibov manteve o ritmo de baixa de setembro com nova queda de 1,60% em outubro (InfoMoney(b)). Novembro não foi diferente, nova queda, agora de 3,12%. Os fatos impactantes foram o receio do mercado com a questão fiscal do país, principalmente após a divulgação do pacote fiscal, que decepcionou, e a isenção de IR que parece não ter ficado tão claro na prática como ocorrerão as compensações (InfoMoney(d)).
Lucros das S.A. contrastam com o Ibov
O desânimo do Ibov nos últimos dois meses e as altas da Selic não refletiram, por sua vez, na lucratividade das 297 empresas não financeiras da B3. Estas obtiveram um aumento de 53% nos lucros em comparação ao mesmo período do ano passado (Correio Braziliense, 22-11)
Bitcoin em destaque
Em outubro o Bitcoin obteve forte valorização, terminando o mês superando os US$ 73.000 e próximo ao seu recorde de pico. Alcançado novembro, finalmente supera-se a marca e vai longe... fechou em US$ 96.400,00, um novo recorde, gerando um ganho para o mês de 37% (Trading View(a), Trading View(b)).
Arrecadação e rombo, continuam em sintonia...
E se a arrecadação federal já vinha de recorde em setembro, ampliou mais 9,8% em outubro ao bater R$ 247,9 bilhões e registrar novo recorde da série histórica – portanto o maior dos últimos 30 anos. A Receita atribuiu estes maiores valores arrecadados ao retorno do PIS/COFINS sobre combustíveis, tributação de fundos exclusivos e comportamento das variáveis macroeconômicas (Agência Brasil). Quanto ao rombo: o último relatório bimestral divulgado em novembro indicou uma previsão de resultado primário alcançando um déficit de R$ 28,75 bilhões – no limite do aceitável pela banda de tolerância (R$ 28,8 bilhões) (BPMoney).
Enquanto isto... nas “sete magníficas” ações de Inteligência Artificial
Se por aqui a bolsa vai capengando, nos EUA suas bolsas vão de recorde em recorde nos últimos dois anos, principalmente puxadas pelas consideráveis elevações no período das ações vinculadas às empresas de Inteligência Artificial. Também conhecidas como as “sete magníficas”: Amazon, Alphabet, Google, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Em outubro não foi diferente. Às vésperas da divulgação de seus resultados financeiros, o Nasdaq aportava nos 18.717 pontos, já batendo o recorde que vinha de agosto. Considerando o período desde fim de 2022, o S&P obteve mais da metade de sua alta de 57% em fator das ditas cujas (Valor Investe(a), Valor Investe(b)). Novembro seguiu o ritmo, com os índices das bolsas americanas registrando o melhor mês em um ano: S&P500 chegou aos 6.032 pontos, Dow Jones alcançou os 44.910 pontos e o Nasdaq finalizou em 19.218 pontos (Valor Econômico). Tanto otimismo seria fruto de alguma eventual bolha? Esse questionamento já surge.
Falando em bolha... os mercados estariam lenientes ao contexto geopolítico mundial?
Neste mês de novembro, uma entrevista do Prof. Alexandre Espírito Santo (BM&C News) alertou ao sentimento que alguns analistas de mercado mais experientes vêm percebendo... Considerando o contexto geopolítico mundial, com duas gravíssimas guerras em andamento, no qual imergem novos atores a cada punhado de meses, os mercados acionários mundiais estão dando de ombros para o contexto e seguindo a vida com recordes e recordes de altas... O professor questiona: seriam frutos de bolhas? Liquidez ainda derivadas da pandemia com os auxílios financeiros? Mas se a guerra no oriente médio se tornar total (que já é bem plausível de se cogitar) obviamente o Brent vai estourar e gerará retração nas bolsas ao redor do mundo, assim como elevada inflação mundial, ainda muitíssimo mais pesada que o trigo causou (fruto da guerra entre Rússia e Ucrânia), por exemplo.
O boicote ao boicote: o “disse que disse” do Carrefour aos frigoríficos do Mercosul
Neste mês de novembro um embate comercial transatlântico ocorreu: o Carrefour da França anunciou boicote às carnes do Mercosul. Só esqueceram que a terra tupiniquim também integra fortemente sua rede de vendas. O óbvio, então, aconteceu: os frigoríficos nacionais boicotaram a entrega de carnes ao grupo no Brasil. O mais óbvio aconteceu em seguida: o grupo francês pediu desculpas e sobrou para a “má interpretação de texto” (Forbes, Gazeta do Povo, Times Brasil/CNBC). Então tá.
Referências: ADVFN, Agência Brasil, B3, BCB, BPMoney, BM&C News(a), BM&C News(b), Forbes, Gazeta do Povo, InfoMoney(a), InfoMoney(b), InfoMoney(c), InfoMoney(d), Money Times(a), Money Times(b), UOL Economia, Valor Investe(a), Valor Investe(b), Times Brasil/CNBC, Trading View(a), Trading View(b), Valor Econômico, Suno.